domingo, 31 de outubro de 2010

Fomos a um Jazz na livraria cultura, o auditório estava lotado e para variar, chegamos atrasados, aí tivemos que procurar uma vaguinha no chão. Ficamos colados, escutando Spokfrevo e vários velhinhos tocando. Você além de prestar atenção na música, alisava meu cabelo molhado. No meio do show, você percebeu que eu estava numa posição um pouco desconfortável, meio que prendendo o peso para não te esmagar [eu sempre tentando não te esmagar]. Você me ajeitou, comentou algo comigo e deu dois beijos no meu sorriso. Uma senhora não se aguentou e disse: ah, os diálogos, os gestos, o amor, a juventude! A senhora conseguiu enxergar o nosso momento perfeito :O, depois ficou estática a contemplar toda a juventude, tão estática que ali ficou o resto da noite, do dia, da vida, virou toda olhos. Nós vivíamos, ela observava. Quando acabou a música, continuamos a dançar, mudamos de modo, sem perder o compasso, o momento ficou mais que perfeito. Sem saber, nós exibíamos nossa beleza, corpos, tomando sorvete, após atravessamos uma ponte escura sem medo, chegamos em casa acelerados e, no seu quarto, não paramos de dançar, depois de tanta dança, tombamos e dormimos a sonhar.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Olá, algo desesperador invadiu a minha cabeça e foi descendo pelo pescoço, enchendo as pernas até elas cabalearem. Olhei para os meus pés e eles estavam roxos, não me assustei, peguei uma agulha e perfurei algumas partes do meu pé, aí começou a sair o sangue preso. Era tanto sangue, meu corpo era uma prisão, então, resolvi tirar tudo que havia dentro dele e por em liberdade. Comecei tirando o sangue, depois a vida. E num reino desconhecido, onde não havia vida e nem corpo, fui bem mais feliz.

***oh, rock n' roll! # oh, badi!

sábado, 23 de outubro de 2010

Agora descobri o quão pesada é a palavra PESAdelo. Um dia de cão não basta, pois o Pesa d' Elo cria uma ligação entre você e uma âncora e, depois desse elo pesado, você começa afundar. Aí, tudo vira tragédia, mesmo o fato de abrir a porta de uma geladeira. Você abre a porta da geladeira de sua casa, depois de um dia cansativo e não acha nada atrativo para comer, mas a fome está lá dentro de você e ela não quer nem saber, então você pega o famoso pão e a famosa margarina. Antes da primeira mordida, quando você está naquele movimento de passar margarina no pão, você olha para a embalagem da margarina e vê uma menina loira, feliz, fofinha com NHAC escrito na sua roupinha e se irrita profundamente. Acontece que, depois de entrar no pesadelo assim, você tem a impressão de que qualquer sinal de felicidade é pura ironia.

terça-feira, 12 de outubro de 2010


Fecho e abro os olhos tal como uma porta de shopping center. [música] Abro lentamente, somente, quando vultos aparecem. [música] Às vezes, mergulho no escuro e digo para todos que bateram no relógio 22 horas, potanto, que me deixem em paz. [música fraquinha]. No escuro, a música cessa, o corpo cega, a mente peca, a porta fecha. [vácuo]. Cansada do tédio, do remédio, dos sonhos e do descanso, digo a todos: são 10 horas. [música] A porta quase não fecha, os vultos são numerosos. [música] O movimento é grande, tenho que ficar alerta e me manter viva. [música forte].
É prestando atenção nas horas que passo da vida para a semi-vida. [música tocada]. E dependendo do menu do dia, posso até sair da vida, ou seja, ir para a não vida, basta emperrar e nunca mais funcionar. [fim] [música] [créditos]